

- Saúde e Bem estar
- Setembro 29, 2025
Outubro Rosa 2025: mamografia, menopausa e densidade mamária
Outubro é o mês Rosa: é altura de falar de prevenção do cancro da mama e da importância da realização da mamografia.
2025 trouxe uma mudança decisiva: o rastreio organizado passou a convocar mulheres dos 45 aos 74 anos, de forma faseada por concelho. Na prática, mais mulheres são acompanhadas e o diagnóstico tende a ser mais precoce, uma diferença que pode salvar vidas. Se recebeu uma carta, SMS ou telefonema para uma mamografia de 2 em 2 anos, este artigo explica como se preparar, como ler os conceitos essenciais e o que muda com a menopausa.
Sabia que...
na Europa, os programas organizados (com convites e controlo de qualidade) são preferidos ao rastreio ocasional por serem mais eficazes e equitativos?
O que mudou no rastreio em Portugal
Desde janeiro de 2025, o programa populacional passou para 45–74 anos. O convite chega por carta, SMS ou telefone, e a unidade de rastreio pode ser fixa ou móvel, junto do seu centro de saúde. O esquema mantém-se: mamografia bienal para mulheres assintomáticas e de risco médio. De facto, o modelo organizado desta forma permite comparar imagens ao longo do tempo, reduzir repetições e encaminhar rapidamente se for preciso estudar melhor uma alteração.
Além disso, preparar bem o exame ajuda a obter imagens de qualidade o que é determinante para um correto diagnóstico. Por isso, a seguir passamos do “porquê” ao “como”.


Preparação para a mamografia
Um bom exame começa antes de entrar na sala. No dia, evite aplicar desodorizante em spray, talco, loções ou perfumes na zona das axilas e das mamas: as micropartículas destes produtos podem parecer microcalcificações e obrigar a repetir imagens. Além disso, vista duas peças (parte de cima + calças/saia) para despir apenas o tronco superior e leve exames anteriores, se existirem, para comparação.
O agendamento da marcação também tem impacto, por exemplo, se ainda tem ciclo menstrual, a semana após a menstruação costuma ser mais confortável já que o tecido mamário está menos sensível.
Tem implantes? Avise sempre a equipa: existe uma técnica específica para melhorar a visualização do tecido.
Finalmente, se em exames anteriores sentiu dor, diga-o na altura do exame, já que é possível ajustar a compressão e o ritmo.
Checklist rápida:
- Não usar spray desodorizante/talco/loções no dia (se esquecer, peça toalhetes na unidade).
- Levar identificação, convite, exames anteriores e lista de medicação/implantes.
- Sinalizar desconforto prévio, gravidez/amamentação, limitação de mobilidade ou barreiras de comunicação.
Pode descarregar a check list completa aqui.
Mesmo com boa preparação, a leitura também depende da composição do tecido mamário. É aqui que entra o conceito de densidade do tecido mamário.
“Mamas densas” — o que são?
A densidade mamária classifica-se de A a D: de “quase totalmente gordas” (A) a “extremamente densas” (D). Em mamas densas (C/D), o tecido glandular é mais abundante e aparece branco na mamografia — tal como muitos tumores —, podendo mascarar alterações. Além disso, a densidade elevada associa-se a um risco ligeiramente superior ao longo da vida.
O relatório menciona sempre a densidade por ser informação clínica útil, não é caso para alarme. Em alguns casos, sobretudo quando a densidade se combina com outros fatores de risco, o médico pode acrescentar uma ecografia ou outro método como complemento. Ainda assim, a mamografia mantém-se o exame-chave no rastreio populacional.
Como já vimos, a densidade do tecido mamário muda ao longo da vida e é fortemente influenciada pelas hormonas em circulação no organismo. Por isso, faz sentido agora falarmos da menopausa e da terapia hormonal de substituição (THS).


Menopausa, densidade e THS — decisões informadas, sem alarmismos
Com a menopausa e a consequente queda dos níveis de estrogénio, a densidade mamária tende a diminuir, facilitando a leitura da mamografia. Já a Terapia Hormonal de Substituição (THS) pode aumentar a densidade em algumas mulheres e está associada a um pequeno aumento de risco de cancro da mama que depende do tipo de regime, da duração e do perfil individual.
Contudo, isto não equivale a uma contraindicação para iniciar a THS. Para mulheres sintomáticas e sem contraindicações, as sociedades científicas europeias consideram a THS uma opção válida, sobretudo até aos 60 anos ou nos 10 anos após a menopausa, desde que haja avaliação personalizada e seguimento regular. Em linguagem simples: a decisão faz-se caso a caso, pesando benefícios (ondas de calor, sono, qualidade de vida) e riscos (incluindo a densidade do tecido mamário).
Dicas úteis a adotar na menopausa que também protegem a saúde da mama:
- Praticar atividade física regularmente (150–300 min/semana moderada) e manter o peso estável.
- Adotar uma dieta mediterrânica (legumes, fruta, leguminosas, peixe gordo) e vitamina D com exposição solar segura.
- Ter um ritual de sono consistente e gestão dos níveis de stress.
Para mais dicas consulta o nosso artigo sobre menopausa.
Ainda assim, mesmo com rastreio e decisões bem tomadas, é essencial ouvir e observar o corpo entre exames.
Sinais de alarme que não devem esperar pela próxima carta
Procure avaliação médica se notar nódulo novo, retração do mamilo/pele, descarga sanguinolenta, vermelhidão persistente ou dor localizada não habitual. Lembre-se que o rastreio não substitui a observação clínica, é um complemento que trabalha consigo.
Aqui entre mamografias, vale a pena praticar auto-observação da mama (também chamada autoexame) para conhecer o seu “normal” e notar alterações cedo.
Faça-o uma vez por mês: se menstrua, na semana após a menstruação; se é pós-menopausa, escolha um dia fixo.
Comece por observar ao espelho com braços em baixo e depois erguidos, notando simetria, pele, mamilo e eventuais retrações. Siga para a palpação no duche com a mão plana e movimentos circulares pequenos que cubram toda a mama e a axila, usando 3 níveis de pressão (superficial, média e profunda). Repita deitada, com a mão atrás da cabeça do lado que examina. No fim, pressione suavemente o mamilo para verificar se há secreção. Se sentir nódulo novo, área mais dura, alteração da pele (vermelhidão persistente, “casca de laranja”), retração do mamilo ou secreção sanguinolenta, procure avaliação médica — mesmo que a última mamografia tenha sido recente.
Lembre-se: a auto-observação não substitui a mamografia; é um complemento útil para reconhecer mudanças entre convites do programa.


Se, durante a auto-observação ou entre convites do rastreio, notar alguma alteração e o seu médico indicar exames adicionais, o caminho segue geralmente por imagiologia de confirmação (mamografia dirigida, ecografia, por vezes ressonância) e, quando necessário, biópsia para obter um diagnóstico definitivo — passo que só o médico pode solicitar e interpretar. A partir daí, uma equipa multidisciplinar desenha um plano personalizado que pode incluir cirurgia, radioterapia, quimioterapia, terapia hormonal e/ou terapias alvo. É aqui que pequenos cuidados do dia a dia fazem grande diferença.
Durante tratamentos oncológicos — pele mais sensível
A radiodermite é uma reação cutânea frequente durante a radioterapia — costuma surgir a partir da 2.ª–3.ª semana, pode piorar no final do ciclo e melhora nas semanas seguintes. As zonas mais sensíveis na mama são a axila, o sulco infra mamário e a região da clavícula, onde há mais fricção e humidade. O objetivo é proteger a barreira cutânea, reduzir fricção e aliviar prurido sem interferir com o tratamento.
Rotina diária simples que ajuda a controlar a radiodermite (ajuste sempre às indicações do seu centro):
- Higiene suave: água morna (não quente), sabão/gel sem perfume e pH suave. Seque com toques leves, sem esfregar.
- Hidratação regular: 2–3x/dia com emolientes simples (ex.: com glicerina, ceramidas, manteiga de karité ou ácido hialurónico). Evite perfumes, álcool, mentol, cânfora e óleos essenciais.
- Não aplique cremes na área irradiada 2 horas antes do tratamento (salvo indicação da sua equipa). Aplique após a sessão.
- Roupa e fricção: prefira algodão macio, sutiãs sem aro e sem costuras marcadas; evite atrito (mochilas na zona tratada), fita adesiva e depilação com lâmina na área.
- Calor e água: evite sol direto, sauna, jacuzzis e piscinas enquanto a pele estiver reativa. Na rua, privilegie sombra e roupa protetora; use protetor solar apropriado para a sua situação clínica.
- Desodorizante: muitas unidades de tratamento permitem a aplicação desodorizante sem perfume e aplicado fora da área tratada.
- Comichão: não coçar; pode aplicar compressas frias por breves minutos e reforçar emoliente.
Quando a pele “abre” (descamação húmida):
Isto pode acontecer em pregas (axila/sulco). Não desinfete com álcool/iodo. A equipa de tratamento pode recomendar limpeza com soro fisiológico e pensos não aderentes (ex.: silicone/espumas) para proteger e facilitar a cicatrização. Evite cremes barreira espessos imediatamente antes das sessões, pode rá aplicar após as sessões.
Sinais de alerta que devem ser discutidos com a equipa de tratamento:
- Dor crescente, calor local, exsudado amarelado/odor (suspeita de infeção).
- Ferida que não melhora em 1–2 semanas após terminar a radioterapia.
- Reação cutânea extensa fora do campo irradiado (p. ex., após início de nova medicação).
Em suma, nas Farmácias Correia Rosa estamos disponíveis para:
- Ajudar a preparar o dia da mamografia: checklist, documentos, dúvidas práticas;
- Explicar termos gerais e quando deve falar com o médico;
- Durante a menopausa, ajudar a interpretar e a controlar os sintomas e promover a adesão à terapêutica;
- Ajudar a escolher cuidados de pele adaptados o seu tipo de pele e indicações clínicas.
Tem entre 45 e 74 anos e recebeu, ou espera, a carta de rastreio?
Passe por uma Farmácia Correia Rosa para preparar a sua mamografia, rever a checklist e alinhar cuidados de pele. Para resultados e decisões clínicas, fale sempre com o seu médico.
Pode descarregar a nossa Checklist de preparação para o exame – em PDF:
FAQs
O programa é faseado por concelho. Se tem 45–74 anos e ainda não foi convocada, confirme com a sua USF/ACES. Mantenha os seus contactos atualizados.
Sim, por indicação médica. O programa populacional é para rastreio em mulheres assintomáticas, situações específicas são avaliadas pelo médico.
Informe sempre a equipa. Em gravidez, a ecografia é geralmente o primeiro exame. A decisão cabe ao médico.
Idealmente não, sobretudo em spray. Se se esquecer, peça toalhetes na unidade e limpe a zona antes do exame.
Sim. Avise a equipa, existem incidências específicas (manobra de Eklund) para visualizar melhor o tecido mamário.
Pode ser desconfortável mas é rápida. Se sentir dor, avise a equipa técnica, a compressão e o ritmo podem ser ajustados.
Nem sempre. A mamografia mantém-se o exame-chave. A ecografia pode ser complemento quando indicada pelo médico, consoante o risco global.
No programa populacional é, em regra, de 2 em 2 anos. Fora do programa, siga a indicação do médico.
Nódulo novo, retração da pele/mamilo, vermelhidão persistente, dor localizada anómala ou descarga sanguinolenta.
Apenas, quando e como a equipa autorizar. Até lá, prefira sombra e roupa protetora.
Fale com o seu médico. Pode precisar de vigilância personalizada fora do programa populacional.