Somos muitas vezes questionados ao balcão da farmácia: “Será que posso beber álcool enquanto tomo este medicamento?”. Além disso, uma das pesquisas mais frequentes na internet está relacionada com a interação entre bebidas alcoólicas e determinados medicamentos. Será que aumenta os efeitos secundários do medicamento ou será que diminui a eficácia do tratamento? Neste artigo vamos responder a estas questões e ainda explicar o que acontece no nosso corpo quando bebemos álcool.
Quando bebemos álcool, este é rapidamente absorvido pelo nosso sistema digestivo e entra na corrente sanguínea. A partir daí, o álcool viaja para todos os órgãos do corpo, incluindo o cérebro, fígado, coração e rins.
No cérebro, o álcool interfere com os neurotransmissores, afetando a comunicação entre as células nervosas. Isso pode levar a uma diminuição da coordenação motora, fala arrastada, alterações de humor e diminuição da capacidade de tomada de decisões.
No fígado, o álcool é metabolizado e transformado em substâncias menos tóxicas. No entanto, o fígado pode apenas processar uma certa quantidade de álcool de cada vez. O consumo excessivo pode sobrecarregar o fígado e levar a danos graves, como inflamação (hepatite), cicatrização (cirrose) e até mesmo falência hepática.
Além disso, o álcool também afeta o coração, aumentando temporariamente a pressão arterial e o ritmo cardíaco. O consumo crónico e excessivo de álcool pode levar a problemas cardíacos graves, como cardiomiopatia, arritmias e aumento do risco de acidente vascular cerebral.
Por fim, os rins desempenham um papel importante na remoção de toxinas do nosso corpo, incluindo o álcool. Quando em excesso, o álcool pode interferir com a função renal, levando a desidratação e desequilíbrios eletrolíticos.
Quando se trata da interação entre álcool e medicamentos, é crucial compreender os efeitos que o consumo de bebidas alcoólicas pode ter sobre a eficácia e segurança dos medicamentos. Desta forma, os 3 efeitos do álcool na ação dos medicamento são:
O álcool pode interferir na absorção, metabolização e excreção de certos medicamentos, resultando na diminuição da sua eficácia. Por exemplo, alguns antibióticos e medicamentos para o coração podem ter a sua absorção reduzida quando tomados com álcool. Isso pode levar a uma diminuição da concentração do medicamento no sangue, tornando-o menos eficaz.
O consumo de álcool enquanto se toma certos medicamentos pode aumentar o risco de efeitos adversos. O álcool pode aumentar os efeitos sedativos de alguns medicamentos, como os tranquilizantes ou analgésicos, resultando em sonolência excessiva, tonturas ou até mesmo depressão respiratória. Além disso, o álcool pode aumentar o risco de hemorragias gastrointestinais quando tomado com medicamentos como os anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), como é o caso do ibuprofeno.
Em certos casos, o consumo de álcool pode aumentar a toxicidade de certos medicamentos e do próprio álcool. Ou seja, como tanto os medicamentos como o álcool são metabolizados no fígado, este rapidamente fica sobrecarregado. Nestes casos, pode acontece um de dois cenários: o fígado não metaboliza o medicamento, o que resulta em efeitos tóxicos; o fígado não metaboliza o álcool, o que conduz a efeitos tóxicos próprios do excesso de álcool. Além disso, uma sobrecarga crónica do fígado pode resultar em falência hepática.
Seguem-se alguns tipos de interações mais comuns, que podem ocorrer entre medicamentos e as bebidas alcoólicas:
Se a questão é “E se só beber um copo?”, a resposta depende de vários fatores, incluindo o tipo de bebida alcoólica, o medicamento em questão e a condição de saúde individual.
Em geral, consumir apenas um copo de álcool pode ter menos impacto na interação com medicamentos do que consumir quantidades maiores. No entanto, mesmo uma quantidade pequena de álcool pode ainda ter efeitos sobre a ação dos medicamentos.
Alguns medicamentos têm uma janela de tempo específica durante a qual o consumo de álcool deve ser evitado para garantir a eficácia e segurança do tratamento.
Além disso, o tempo necessário para o medicamento ser completamente metabolizado pelo organismo pode variar conforme o tipo de medicamento e a sua dosagem.
Em geral, é prudente esperar pelo menos algumas horas após tomar o medicamento antes de consumir álcool, para permitir que o corpo processe o medicamento adequadamente.
Além do tempo decorrido desde a toma do medicamento, vários outros fatores podem influenciar a interação entre o álcool e os medicamentos. Aqui estão alguns dos fatores mais relevantes:
Em suma, sabe-se que o consumo de bebidas alcoólicas tem um impacto negativo na saúde, sendo um exemplo disso a interação com medicamentos. Apesar de nem sempre serem incompatíveis, são muitos os medicamentos que interagem com o álcool, daí que pelo sim pelo não, o melhor é não arriscar.
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